Manifesto

Portugueses,

Apresento-me diante vós como candidato à Presidência da República.

Nos últimos três anos, senti, de forma crescente, um apelo para que me candidatasse. Um apelo espontâneo, genuíno e persistente, que muito me honra e responsabiliza.

No mesmo período, o mundo também mudou muito. Veem-se nuvens carregadas de incerteza e de perigo no horizonte. A guerra voltou ao coração da Europa, destruindo a ilusão de uma paz garantida. O Ocidente vacila, divide-se, perde o rumo. Os Estados Unidos já não garantem segurança – lançam incertezas. A força tenta impor-se à razão. A economia global retrai-se e, com ela, esmorece a esperança.

As democracias são atacadas de fora e corroídas por dentro. Portugal não está imune, nem isolado numa redoma protetora. São claros os sinais de cansaço, desânimo e desencanto na nossa jovem democracia.

E é por tudo isto que aqui estou. Porque não consegui ficar de braços cruzados. Porque amo este país e sinto que é meu dever agir. Com a mesma entrega com que servi a Marinha, as Forças Armadas e Portugal durante 45 anos, com a mesma coragem com que jurei dar a vida pela Pátria, se necessário, e com o mesmo compromisso com que sempre defendi a liberdade, a Constituição e os interesses de todos os Portugueses.

Apresento-me com a experiência de quem liderou em momentos difíceis e com a confiança de quem acredita, de verdade, que juntos conseguiremos ultrapassar grandes desafios.

Estive sempre onde o país me chamou: comandei missões exigentes nas Forças Armadas; estive com as populações em Pedrógão, no meio das cinzas e da dor; coordenei, com muitos, a campanha de vacinação contra a COVID-19, quando Portugal mais precisava de organização, confiança e liderança.

E, nesse momento, mostrámos que, quando nos unimos, vencemos. Quando há liderança, há confiança. Quando acreditamos, avançamos.

Por isso, acredito que agora, mais do que nunca, precisamos de um Presidente diferente. Um Presidente capaz de unir os Portugueses, de motivar e dar sentido à esperança, capaz de ser consciência e exemplo, de ajudar a mudar aquilo que há tanto tempo precisa de ser mudado. Um Presidente estável, confiável e atento, acima de disputas partidárias, longe das pressões e fiel ao povo que o elegeu. Um Presidente que não seja um mero espectador da vida política, mas que interpele e exija quando necessário, pois representa todo o povo. Que se faça ouvir, usando da palavra com contenção, com substância e com propriedade. Este será, porventura, o seu maior poder.

Se os Portugueses me derem o seu voto, cumprirei com lealdade as funções que a Constituição me confia: defender a independência nacional; garantir o funcionamento das instituições democráticas; ser árbitro e moderador; promover a coesão nacional – que é mais do que território, é pertença, é identidade; e representar Portugal com orgulho e com dignidade.

Serei um Presidente que respeitará os partidos, pilares fundamentais da democracia, assim como a separação de poderes – tendo sempre em mente que o Presidente da República não governa.

Portugueses,

Não podemos aceitar o desânimo como destino. Não podemos deixar que o desencanto tome conta do país e que a confiança se esgote.

Começo por lembrar quem somos. Somos o povo que atravessou oceanos, quando diziam ser impossível, que se ergueu depois de terramotos, de guerras e ditaduras, que, quando se uniu, venceu!

É indiscutível que vivemos tempos difíceis. O mundo mudou e não foi para melhor. Mas o que verdadeiramente nos trava não vem de fora. Está cá dentro. São as más decisões. As não decisões. O adiar permanente do futuro. A falta de coragem para fazer o que tem de ser feito. Parece que estamos condenados a uma lógica de ciclos curtos, quando o país pede transformação, quando os Portugueses exigem ação.

Mas há razões para acreditar.

Portugal percorreu um longo caminho nos últimos 50 anos. Reconquistámos a liberdade, construímos uma democracia, modernizámos escolas, hospitais, universidades, reduzimos a pobreza e vencemos o analfabetismo. Fizemos, juntos, um percurso notável.

Hoje, temos jovens que inovam, empresas que arriscam, cientistas que lideram, artistas que criam e desportistas que nos orgulham. Temos Portugueses a brilhar no estrangeiro e imigrantes que escolhem Portugal como casa.

Este é o nosso país. E é este Portugal que devemos celebrar e proteger.

Mas não podemos dar-nos por satisfeitos. Persistem fragilidades: uma pobreza estrutural, uma economia frágil que precisa de crescer mais e distribuir melhor, uma justiça lenta, desigual e distante, um Estado carente de modernização. Temos jovens que partem, famílias sem casa, idosos esquecidos, serviços públicos sob pressão e imigração sem integração.

Portugal merece mais e, certamente, pode mais.

É tempo de lutarmos pelo país que podemos e devemos ser. Não estamos condenados a falhar, a ser pequenos. Não temos de ser pobres.

E é por isso que estou aqui. Porque acredito em Portugal, porque sei que podemos mais. Estou aqui perante vós, para vos convocar para um futuro com esperança. Para um país que não se resigne, um país com vontade e ambição. Para uma

democracia que não fraqueje nestes tempos de incerteza. Está na hora de cumprir, de reformar, de realizar.

Queremos um país onde os jovens tenham futuro; onde os mais velhos descansem com dignidade; onde ninguém seja pobre por destino ou falta de oportunidade; onde Saúde, Habitação e Educação sejam direitos e não privilégios; onde a Cultura seja central; e onde o Ambiente seja um compromisso entre gerações.

Sonhamos com um país livre, justo, próspero e solidário. Um país com voz própria e respeitado no mundo. Precisamos, para isso, de uma economia centrada nas pessoas. Mais forte, mais competitiva, mais produtiva. Só assim poderemos manter o Estado Social e combater as desigualdades.

É estratégico apostar na tecnologia, na inovação, na transformação digital, no ciberespaço e no espaço. Também precisamos de reformar a Administração Pública e a Justiça; de descentralizar, sem fragmentar; de olhar para as ilhas, para o interior e para a diáspora.

Importa garantir saúde a todos, em tempo e qualidade. Educar para um mundo global e competitivo, conferindo autonomia às futuras gerações. E encontrar soluções para a habitação que permitam uma vida digna.

Ainda precisamos de uma Defesa Nacional moderna, sólida e tranquila, sem alarmismos, mas também sem ingenuidades; de continuar a apostar numa diplomacia que promova a nossa economia, língua e cultura; e de perceber que o nosso Mar é uma oportunidade.

Importa entender que Portugal é Atlântico e Europa e valorizar a nossa posição com inteligência e com visão.

Portugueses,

Venho animado por uma forte vontade de servir, de unir, com amor profundo pela nossa terra e pelo nosso povo.

Aprendi no mar que, perante a tempestade, nunca se desiste, não se baixam os braços. E é isso que farei, se me confiarem o vosso voto.

Apresento-me, assim, ao serviço de Portugal, perante vós, com humildade, coragem, independência e esperança.

Conto convosco! Aqui, e onde quer que viva um português. Conto com quem serve, com quem cuida, ensina e trabalha. Conto com os que lideram e com os que constroem, com aqueles que, muitas vezes no silêncio, fazem de Portugal um país maior. E conto, sobretudo, com os jovens. Conto com a vossa energia, irreverência e vontade de mudar o mundo.

Unidos, somos uma força imparável.

E os Portugueses podem ter a certeza de que também podem contar comigo.

Agradeço, com emoção, a todos os que aqui estão hoje – o vosso apoio, calor e presença, neste dia tão significativo para mim. É o melhor começo que poderia ter. Esta é a força que nos une.

Por este Portugal, “onde a terra acaba e o mar começa”. Vamos fazer do futuro de Portugal a nossa causa comum.

Viva a Esperança!
Viva a Democracia!
Viva Portugal!
Henrique Gouveia e Melo

29 DE MAIO DE 2025
GARE MARÍTIMA DE ALCÂNTARA, LISBOA