Biografia

Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo nasceu em Quelimane, Moçambique, a 21 novembro 1960. Dividiu a sua infância e adolescência entre Quelimane, São Paulo, no Brasil e, finalmente, Lisboa onde chegou em setembro 1979, para Ingressar na Escola Naval como Cadete do curso “Carvalho Araújo”. Em 19 setembro de 1983, apos terminar o curso na Classe de Marinha, foi promovido a Aspirante.
Como desafio, escolheu os Submarinos para a sua especialização, sendo, à época, o único voluntário. Viria a integrar a Esquadrilha de Submarinos em setembro de 1985. Navegou nos três submarinos da Esquadrilha, Albacora, Barracuda e Delfim, tendo inicialmente, exercido diversas funções operacionais como oficial de guarnição e, posteriormente, Oficial Imediato nos submarinos Albacora e Barracuda. Durante a sua longa permanência na Esquadrilha de Submarinos que, terminaria em 2002, comandou os submarinos Delfim e Barracuda, chefiou o Serviço de Treino e Avaliação da Esquadrilha de Submarinos e o Estado-Maior da Autoridade Nacional para o Controlo de Operações de Submarinos.
Após uma passagem de três anos como Chefe do Serviço de Relações Publicas e porta-voz da Marinha, e de uma participação decisiva no projeto de aquisição da nova de classe de submarinos Tridente, veio a comandar, entre 2006 e 2008, a fragata Vasco da Gama.
Concluído este comando no mar, o Almirante Gouveia e Melo retornou à sua grande paixão, a Esquadrilha de Submarinos, para a comandar e liderar o ambicioso projeto de transformação, reconstrução e capacitação desta estrutura para a receção e apoio aos novos submarinos. Nesta função reembarcou, por necessidade, no NRP Tridente, tendo feito as provas de Garantia e testado o submarino à exaustão, do que resultaram muitas modificações e melhorias implementadas nos novos submarinos que aumentaram significativamente a capacidade destes.

Antes da promoção a Oficial General foi ainda 2º Comandante da Flotilha de Navios, Diretor de Faróis e Diretor do Instituto de Socorros a Náufragos.
Ao longo da sua carreira frequentou diversos cursos, dos quais se destacam a especialização em Comunicações e Guerra Electrónicas, o “International Diesel Electric Submarine Tracking Course“, em Norfolk, nos Estados Unidos, o Curso Geral Naval de Guerra, uma pós-graduação em “Information Warfare” na Universidade Independente, o Curso Complementar Naval de Guerra e, finalmente, o Curso de Promoção a Oficial General, no Instituto de Estudos Superiores Militares.
Após a promoção a Contra-almirante, em abril de 2014, assumiu as funções de Chefe de Gabinete do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada, cargo que desempenhou até novembro de 2016. Após um breve período em que exerceu as funções de 2º Comandante Naval, viria, em janeiro de 2017, com a promoção a Vice-almirante, a assumir as funções de Comandante Naval, cargo que exerceu durante três anos, dois dos quais em acumulação com as funções de Comandante da Força Naval Europeia EUROMARFOR, que integra meios navais de quatro países europeus, Portugal, Espanha, França e Itália.
Salienta-se, no exercício das funções de Comandante Naval, os resultados decorrentes do reforço da cooperação com a Polícia Judiciária, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Foi no âmbito do apoio militar emergência que se destacou na liderança de ações de elevada complexidade, com resultados reconhecidos, quer a nível nacional, quer internacional, como são os casos dos incêndios de Pedrógão Grande, da devastação gerada pelo ciclone Indai, em Moçambique, e dos estragos causados pela passagem do ciclone Lorenzo, nos Açores.
Ainda como Comandante Naval, criou o Centro de Experimentação Operacional de Veículos não tripulados da Marinha, que constituiu um passo determinante na implementação do uso operacional dos veículos robotizados na Marinha, em particular, e nas Forças Armadas, em geral. Lançou, no âmbito desta iniciativa, na Península de Tróia, aquele que é hoje o maior exercício da NATO no âmbito da experimentação de veículos não tripulados, que ainda hoje se realiza anualmente em Portugal, com a participação de inúmeros parceiros nacionais e internacionais, numa iniciativa que alavancado a afirmação internacional do tecido industrial nacional e das universidades portuguesas numa área em permanente expansão.
Entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. Henrique Gouveia e Melo exerceu as funções de Adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas, funções que acumulou, entre fevereiro e setembro de 2021, com as de Coordenador da Task Force para a vacinação contra a COVID-19, em Portugal, num processo ímpar, de reconhecido sucesso, que creditou Portugal como o primeiro País do mundo a atingir a meta dos 85% de população vacinada. Também liderou uma profunda alteração na estruturação e edificação da capacidade de Ciberdefesa Nacional, que ainda decorre hoje. Foi também o responsável pelo apoio das Forças Armadas à gestão das Camas de Cuidados Intensivos em Lisboa no verão e inverno de 2020. Ainda nestas funções foi o coordenador-planeador da reforma da Saúde nas Forças Armadas.
Henrique Gouveia e Melo foi promovido ao posto de Almirante e nomeado Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade marítima Nacional em 27 de dezembro de 2021.Foi sob o seu comando que a Marinha escreveu mais algumas paginas brilhantes da sua história, com o submarino Arpão a realizar, em 2023, a primeira patrulha de um submarino português no Atlântico Sul e, em 2024, cruzar a fronteira do Círculo Polar Ártico, navegando quatro dias debaixo da placa de gelo, um feito notável, de interesse estratégico, reconhecido pelos países aliados. Da atividade operacional da Marinha e da Autoridade Marítima, resultou em 2023 a apreensão inédita de 33 toneladas de estupefacientes e 34 embarcações, e a detenção de 83 pessoas suspeitas de trafico de droga.
Além da intensa atividade operacional que liderou, que incluiu a presença de forças de fuzileiros na fronteira leste da Europa e a atribuição de unidades navais a diversas forças da NATO, o Almirante Gouveia e Melo preparou a Marinha para enfrentar os enormes desafios que se avizinham, incorporando avanços tecnológicos significativos, incluindo o desenvolvimento da Inteligência Artificial e a robotização, ampliando a atuação multidisciplinar, mais económica e sustentável e, com isso, alcançar superioridade e gerar vantagem tecnológica sobre eventuais adversários.
Além da paixão pelos submarinos e pelo mar, é um fervoroso adepto de matemática, da física e da computação.
Henrique Gouveia e Melo passou à reserva em 27 de dezembro de 2024, cessando nesse dia as suas funções militares.
Condecorações
Ao longo da sua carreira foi distinguido com diversas condecorações, das quais se destacam:
- Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo;
- Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis;
- Comendador da Ordem Militar de Avis;
- Medalhas Militares de Ouro de Serviços Distintos (4);
- Medalhas Militares de Prata de Serviços Distintos (5);
- Medalha de 1.ª Classe de Mérito Militar;
- Medalha de 2.ª Classe de Mérito Militar;
- Medalha de 3.ª Classe de Mérito Militar;
- Medalha de 1.ª Classe da Defesa Nacional;
- Medalha da Cruz de S. Jorge, 1ª Classe;
- Medalha de 3.ª Classe da Cruz Naval;
- Medalha de comportamento exemplar, Ouro;
- Distinção de Mérito Ricardo Jorge – Município do Porto;
- Duas medalhas de Corporações de Bombeiros;
- Insígnias de Oficial da Légion d’honneur, de França;
- Grande-Oficial da Ordem do Mérito Ordem Naval do Brasil,
- Mérito Tamandaré, Brasil;
- Medalha da Marinha da Colômbia;
- Comendador da Ordem do Mérito Marítimo de França;
- Ordem Mérito Marítimo Francesa, Grau Oficial;
- Medalha participação na Operação Sharp Guard.