Henrique Gouveia e Melo participou num almoço-debate promovido pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal, onde apresentou a sua visão estratégica para o país e deixou vários alertas sobre a situação económica nacional.
Perante uma plateia de empresários, o candidato à Presidência da República afirmou que “a economia não pode ser um campo de batalha”, considerando que Portugal vive há duas décadas numa conjuntura de “águas estagnadas”, incapaz de romper com bloqueios persistentes.
Defendendo que a estabilidade será o seu principal foco caso seja eleito, Gouveia e Melo sublinhou que “é impossível haver uma estratégia se os governos mudarem de regras de dois em dois anos, ou de três em três anos”. Na sua intervenção, criticou ainda a “sazonalidade da abertura dos cordões à bolsa” por parte dos governos em vésperas de eleições, seguida de medidas restritivas logo após o ato eleitoral, afirmando que essa prática não constitui uma verdadeira política de desenvolvimento.
O candidato insistiu que o progresso económico depende de um equilíbrio entre modernização e coesão social. Defendeu maior flexibilidade no mercado de trabalho, sobretudo para permitir a adaptação às novas tecnologias, mas deixou claro que essa transformação não pode ser feita à custa das pessoas.
“Tenho a certeza absoluta que nenhum dos senhores empresários quer uma sociedade precarizada, uma sociedade em que não haja praticamente classe média”, afirmou.
Sublinhou também que os verdadeiros entraves à competitividade não residem apenas em ajustes pontuais no direito laboral ou em décimas de impostos, mas nos custos de contexto, no excesso de burocracia e na instabilidade fiscal e regulatória produzida pelo Estado.
Ao refletir sobre o percurso do país nas últimas décadas, Gouveia e Melo recordou avanços significativos após o 25 de Abril e com a entrada na União Europeia, mas lamentou o bloqueio que se instalou após a crise de 2008: “Tivemos um salto tremendo mas parece que a partir da crise de 2008 estagnámos. Nós estamos em águas estagnadas e as soluções que alguns apresentam dão a sensação que não querem sair dessas águas estagnadas.”
Apesar do cenário atual, o candidato sublinhou que Portugal possui “boas condições geoestratégicas”, beneficiando da sua posição atlântica e da distância face à instabilidade a leste da Europa. Contudo, alertou que essas vantagens têm sido desperdiçadas pela falta de estabilidade governativa.
Criticou abordagens políticas guiadas por ciclos curtos e por taticismos mediáticos: “Não podemos estar a governar para ciclos curtos e muito menos para os noticiários das oito. Quando se aproximam determinados ciclos eleitorais, o Estado abre os cordões à bolsa. Depois passa o ciclo eleitoral e volta a medidas restritivas.”
Gouveia e Melo afirmou estar preparado para contribuir para um ciclo de governação mais prolongado e consequente, capaz de concretizar reformas estruturais. “Eu farei tudo para que tenha a governação mais prolongada possível, para fazer reformas estruturais que o país precisa”, disse, reforçando que essas mudanças exigem persistência e continuidade.
No final do encontro, deixou uma mensagem de confiança na sua capacidade de liderança e transformação: “Conheço exatamente o que é que se pode fazer não só dentro do Estado para o melhorar, mas também como é que a tecnologia e o conhecimento podem mudar as empresas e o próprio Estado. Sou a pessoa capaz de mobilizar isso fruto dos meus conhecimentos.”