1. A arma da experiência: quando o passado serve de currículo e de escudo
Há candidatos que apresentam programas, outros que apresentam ideias. Luís Marques Mendes apresentou “experiência” — e com o ar de quem entrega um documento sagrado.
Segundo ele, é o critério supremo, o selo de qualidade, o passaporte para Belém. Afinal, quem melhor do que alguém que já passou por tudo, inclusive pelo poder, para nos guiar? A resposta, porém, é simples: quase toda a gente.
A “experiência política”, na boca de Marques Mendes, tornou-se uma espécie de argumento de autoridade portátil — um conceito tão elástico que cabe em qualquer debate. Serve para tudo: justificar o passado, desqualificar o presente e evitar falar do futuro. É o equivalente político da frase “confie em mim, eu sei o que estou a fazer”, dita por quem já o fez e correu… mais ou menos.
O truque é antigo: quando falta visão, invoca-se experiência; quando falta rumo, invoca-se memória. É o charme do veterano — o mesmo que garante que o navio está seguro… segundos antes de bater no rochedo.

Rui Barroso de Moura,
consultor e apoiante de Gouveia e Melo